sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O garoto e os livros

O garoto e os livros

Era um vez um garoto que tinha verdadeira compulsão por livros.

Mas nem sempre foi assim...

Na verdade enquanto muitos amigos já contavam historias de seus contatos com estes ele ainda vivenciava apenas o seu mundo maravilhoso e inocente, e não deixava a pressão dos seus amigos o influênciar...
Mas então ocorreu, o livro logo passou ser fonte do seu desejo e habitar de forma caprichosa o seu dia a dia...

Ai o livro...

Como um apaixonado ele ousava dizer que o seu sentimento com os livros era único e verdadeiro do seu modo peculiar logicamente.

No seu tempo já existia locais onde se reunião uma grande quantidade de livros e onde ia muitos leitores para tentarem a sorte com eles.

Mas ele sempre achou mais sublime os livros que se esbarravam com ele no seu cotidiano.Fosse no metro, faculdade ou no shooping.Movidos pelo acaso ou destino?Vai saber...Mas a tensão gerada e adrenalina do momento em que seus olhos avistavam a obra ate o momento de chegada eram inspiradores.

A capa querendo ou não tinha sua importância .Ela deveria despertar a sua curiosidade e fascínio de imediato, se destacar no meio da multidão e para isso um fator peculiar e intrigante era essencial...

Seu desejo pelos livros.Logo ele teria que aprender a lidar com aquele velho sentimento egoísta: ter o prazer de contemplar cada livro que os seus instintos guiassem.E desejar que os livros conquistados fossem apenas obras de seu fascínio enquanto ele por sua vez não se prendia em nenhuma história...

Mas no período que ele se entregava para um livro, não existiam outros, na verdade não existia outro mundo se não aquele compartilhado entre o leitor e a obra.

E quantos mundos ele teve o prazer de mergulhar!Experimentara com alguns o gozo de uma experiência espiritual, outros a emoção de uma aventura passageira, se viu como mocinho, bandido, sábio e tantos papeis diferentes onde apenas os livros lhe fizeram vir a tona.

Alguns livros demonstravam tamanha fragilidade que o seu instinto protetor é que acabava o aproximando a esta obra.

Bem, alguns livros não havia jeito.A leitura não fluía e persistência só significaria sofrimento.O sensato nestes casos é fechar o livro e simplesmente partir.Assim ou aparece um leitor que consiga desfrutar da leitura ou em todo caso sempre existirão as traças...

Leitura oral não fazia parte das suas leituras mais prazerosas.Não gostava de mostrar para todos:”eu sei ler”.Sempre gostou mais da leitura silenciosa, mesmo em ambientes públicos.E através do silêncio que ele conseguia penetrar no mundo das entrelinhas existentes e era bastante excitante saber que ninguém mais conseguia ler o que estava ocorrendo...

A primeira história de um garoto costuma sempre ser a mais marcante em sua vida.Sua viagem inédita a um mundo totalmente mágico e irreal possui um traço ainda mais profundo devido a sua inocência .E quando então o garoto em uma piscada volta ao mundo real e descobri que não pode viver eternamente naquele paraíso chega a blasfemar que nunca mais pegara nenhum livro pois suas histórias são apenas ilusões que estão fadadas ao fim...

É realmente triste, mas então ele se lembra que também não é eterno e que um livro pode se tornar ainda mais saboroso o seu deleite pela vida.Se nos entregamos sim a ele, mesmo que tenhamos que lhe da adeus depois de um breve período.Livros que ao chegar em suas mãos entravam em combustão,mas pelo menos alguns valiam apena guardar as cinzas..

Não existe leitura sem envolvimento.Todo livro que lemos para se ter gozo pleno sua história tem que tocar em nossa alma e o seu toque sempre deixa digitais eternas...
Muito se fala que livros podem ser queimados, rasgados e destruídos mas o que o garoto sabia é que também os leitores devem tomar cuidado: pois podem ficar loucos, deprimidos e arrasados...

Qual a velocidade ideal de para se consumir uma obra?Por sorte não há resposta pronta para tal questão e dificilmente há uma velocidade linear ,a velocidade varia em determinados trechos do livro; fora os movimentos de ida e volta que as vezes se faz necessário.O ideal apenas é que aproveite página por página,linha por linha sem ter pressa para se chegar em algum ponto especifico.

Assim como não a posição ideal e nem local certo.Em pé,sentado,deitado assim como no trabalho,escola,parques, clubes,mêtros e aviões.Tudo é válido para se relacionar com seu livro.A única coisa fundamental é que seja uma relação física, nada de virtual.O contato com seu cheiro e com a sua textura e o avançar pela obra através da sincronia olhar e tato é o que permite chegar a um nível espiritual da obra.


O garoto sabia que se pode ler mil livros que isso não lhe deixa preparado para uma nova obra.Pois cada obra tem seu fator peculiar e a leitura só vai para frente quando desvendamos seus enigmas.Quando conseguimos ver que determinada vírgula significa não respire, que na interrogação esta a resposta e que pontos finais significam não seja doido de parar,então estamos no caminho certo...

Existe diferentes tipos de livros para diferentes situações mas o que ele achava mais difícil de lidar eram com os de cabeceira.E não, os de cabeceira não era os que ele lia antes de dormir, mas sim aqueles que não estavam ao seu alcance e então pertubava seu sono através dos sonhos acordados...

Livros não se medem pela quantidade de páginas lidas mas o quanto significativas serão as palavras chaves que ele carregará pela sua vida afora desta obra.

Tanta paixão fez o garoto consagrar-se bibliotecário, mas toda esta relação com os livros não era nada mais nada menos há maneira encontrada por ele para escrever e deixar registrado a sua própria História...

11 comentários:

Tânia Cristina disse...

Porque ler é estar em um mundo só seu, mesmo que outros leiam o mesmo livro.
O mundo proporcionado a eles não será o mesmo que o proporcionado a você.
Contradição, já que é ilusão...
Mas creio que temos sede de ilusão.
O toque do livro sempre me deixa marcas do tempo em que eu vivia quando o li.
Tornar a ler o mesmo livro é como voltar a algum lugar em algum tempo...

Bravo, caro Ítalo!
Texto que me fez pensar em coisas boas.
E em coisas melancólicas também.

Kelly Marques disse...

Adorei, Ítalo. Disse tudo. Lembrei dos vários mundos maravilhosos que já visitei e tenho saudades!

Anônimo disse...

realmente lindo ítalo,adooro ler e sei o quanto o envolvimento em uma leitura nos transporta de fato,muito coeso o texto.

Guilherme Lourenço disse...

Muito legal! parabéns

Yaciara disse...

Você escreve com uma doçura sobre hábitos tão rotineiros que as coisas ficam bastante poéticas... parabéns pelo texto!

Unknown disse...

muito bom italo de verdade...
vc escreve super bem!
está de parabens! adorei!

Anônimo disse...

Amei *.* Eu costumo ler muito, e me emvolvo demais nos livros que leio, e todos tem sua essencia, não dá pra se comprar um livro com outro, mas é bom quando o livro te prende e te ensina de alguma maneira...

ps: amei o texto *.*

Unknown disse...

Uaaauuuu... voce está pronto para fazer o seu livro e propiciar tudo isso para as pessoas.
Tem meu total apoio, já sabe disso!

Unknown disse...

Paraabééns, adoreei o texto, é interessante a maneeira cmo voocê fala de ler um livroo, é uma paixão isso é tão boniito, Adoreeei!

Excluído disse...

Muito legal *-*
Adorei o texto.. e pretendo visitar sempre aqui..
Parabens!

Dennys Silva-Reis disse...

O texto é lindíssimo!!!
Gostei muito. As vezes somos o único livro que alguem consegue ler.